Fundação Procafé alerta para a qualidade irregular dos grãos, com peneira baixa nesta safra; previsões apontam possibilidade de nova La Niña 

Depois de uma grande incerteza entre os cafeicultores, o volume de chuva nas regiões cafeeiras nos meses de janeiro, fevereiro e nesses primeiros 15 dias de março, provocaram um alívio no setor. 

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“Estamos passando pelo El Niño e essas chuvas tiveram uma distribuição irregular. Elas não ocorreram de maneira uniforme em todas as regiões. Mas de um modo geral, as chuvas foram positivas nos meses de janeiro e fevereiro”, explica o pesquisador da Fundação Procafé, Alisson Fagundes.

Sob efeito do fenômeno El Niño, os produtores se preocupam agora, com a possibilidade de uma La Niña.  As últimas previsões apontam que o El Niño deve perder forças ao longo do outono e no inverno o Brasil deve passar pela transição do La Niña. 

“Ao longo da primavera essa La Niña deve ganhar forças, mas sendo de intensidade fraca a moderada”, explica o agrometeorologista Marco Antônio da Rural Clima. 

Quando pensamos em todas as regiões cafeeiras do país, apesar dos bons volumes de chuva, existe um alerta somente para o interior paulista. “A região deve ter nos meses seguintes períodos de tempo mais seco, com predomínio de sol e temperaturas ligeiramente mais elevadas. Então fica esse alerta”, explica a meteorologista da Rural Clima, Bruna Peron.

Impactos do El Niño: e a qualidade dos grãos?

Após o Brasil registrar o mês de setembro mais quente de toda história em 2023, e a estiagem castigar os cafeeiros em grande parte da primavera, a qualidade dos grãos se tornou uma das grandes preocupações do setor.

A Fundação Procafé afirma que ainda não é possível mensurar as condições desses grãos, mas já se espera uma certa imperfeição.

“Em relação a aspecto, tipo e peneira, vai ser um café irregular porque tivemos várias floradas. Estamos falando de um café de peneira pequena, porque tivemos poucas chuvas em outubro, novembro e dezembro. E em algumas regiões cafeeiras, se não na maioria, o grande semblante de qualidade é peneira pequena e maturação desuniforme”, explica o pesquisador da Fundação Procafé, Alysson Fagundes.

A queda de chumbinhos também entrou na conta do El Niño, e foi um pouco acima do normal na maioria das regiões cafeeiras, confirmou o especialista. As floradas desuniformes foram responsáveis por essa queda mais acentuada. 

Qual a expectativa para a safra 2024? 

O fenômeno El Niño causou grande incômodo na safra de café de 2024, gerando preocupações devido às inconsistências climáticas. No entanto, este ano é de bienalidade positiva para a cafeicultura brasileira, e nem mesmo as altas temperaturas e a estiagem devem intimidar a produção.

Para a Conab, a safra deste ano reflete também a recuperação dos cafeeiros que foram atingidos por uma forte geada em 2021. E mesmo com as dificuldades climáticas enfrentadas no ano passado, a expectativa é de aumento de produção, conforme explica o Gerente de Acompanhamento de Safras da Conab, Fabiano Vasconcellos.

“Para entendermos o cenário de hoje, precisamos olhar um pouco para trás. Quando olhamos o mês de agosto a novembro do ano passado, as condições climáticas não foram tão benéficas para as lavouras. Mas, de um modo geral, os efeitos do que aconteceu lá atrás, no ano de 2021, que refletiram em 2022, também estão se refletindo este ano, com uma safra mais cheia, por assim dizer”, explica Vasconcelos. 

A Conab – Companhia Nacional de Abastecimento, em seu último levantamento, estimou uma safra 5,5% maior em comparação com a produção de 2023, uma safra de 58,08 milhões de toneladas.

O produtor deve se preocupar com mais uma La Niña? 

E agora, com boas expectativas para essa safra, o produtor  deve ficar atento também a possibilidade de uma La Niña no final dessa temporada. De acordo com a Rural Clima, caso a La Niña venha a se formar e começar a influenciar o clima na primavera de 2024, a  tendência é de um impacto no início do regime de chuvas. “Ou seja, o regime de chuvas só deverá se instalar de fato no Brasil central e norte ao longo da segunda quinzena de outubro”, pontua Marco Antonio. 

Ainda de acordo com as previsões o fenômeno traz a expectativa de muitas chuvas para a região centro-norte do Brasil e estiagem severa para a região sul. 

“No entanto, muitas vezes não é bem isso que acontece. Pois não podemos imaginar que esses fenômenos são únicos e exclusivos influenciadores do clima. Existem diversos outros fatores climáticos que podem anular ou até mesmo minimizar os efeitos de uma La Niña ou mesmo potencializá-la”. 

Apesar do alerta, ainda é muito cedo para qualquer prognóstico assertivo sobre como será o clima ao longo de toda a safra 2024/25. 

Em entrevista ao podcast Cafeína, o gerente de marketing de café da Syngenta, Tiago Freitas, conversou com a jornalista Luisa Nogueira e pontuou sobre a necessidades de manejos eficientes para a produtividade em campo, assista:

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